Com o acordo Colômbia-EUA, achei que esta matéria publicada em março de 2008 é tão atual quanto à época, cerca de um ano e meio após. Para mim ela é importante também por reforçar a minha tese do “Partido Único da Burguesia” no país sede do império. Enfim, mudam as facções, mudam os nomes, mas o direcionamento é o mesmo.
Na década de 1950, nomeadamente durante o período macartista, a propaganda ianque era contra os comunistas. Aqueles que comiam criancinhas ou as bondosas velhinhas do meio-oeste especializadas em fazer tortas de maçã. Com a queda do império soviético, a guerra fria acabou. Acabou? A secretária de Estado estadunidense, Condoleezza Rice (a atual é Mrs. Clinton), justificou a incursão colombiana no Equador. E afirmou: “As fronteiras são importantes, mas não podem ser usadas como um esconderijo para terroristas que depois vão matar civis inocentes”. Concluiu: “Temos que nos preocupar com o terrorismo e o bem-estar dos Estados da região”.
Ao longo da história, a principal ameaça real de agressão em toda a América teem sido os Estados Unidos. As intervenções ianques no continente, como o incentivo aos golpes militares nos anos 1960 e 70, contra governos legalmente eleitos, causaram milhares de mortos e deixaram sequelas principalmente nos países do cone sul (1). No Chile os ianques financiaram e foram articuladores do sangrento golpe de Pinochet contra o governo de Salvador Allende. Anteriormente já estimulavam regimes ditatoriais, como o de Jimenez na Venezuela e Stroessner no Paraguai. Na América Central, a Nicarágua sofreu intervenção dos Estados Unidos – durante o governo do “progressista” Franklin Delano Roosevelt – para assassinar Sandino em uma covarde emboscada. Além disso, houve violentas intervenções em El Salvador, na Guatemala, e mais recentemente em Granada. Só para citar algumas.
Condoleezza confirmou, na sua visita ao Brasil, a nova doutrina das relações internacionais do império com o mundo. A de que as fronteiras não podem ser refúgio para terroristas. Mas o que são ou quem são os terroristas? A CIA assassina e financia golpes, mas não é terrorista, por que é estadunidense? Agora só falta mesmo voltarem os filmes de ficção científica em que a alusão aos comunistas era muito clara. Desta vez, os “maus da fita” serão os terroristas. E certamente teremos “marcianos” de turbante e barbas (como bin Laden) ou fantasiados de guerrilheiros colombianos das FARC.
(1) Aqui, por terras tupiniquins, o golpe de primeiro de abril de 1964 foi sabidamente manobrado por Lincoln Gordon embaixador dos EUA na ocasião.
Na década de 1950, nomeadamente durante o período macartista, a propaganda ianque era contra os comunistas. Aqueles que comiam criancinhas ou as bondosas velhinhas do meio-oeste especializadas em fazer tortas de maçã. Com a queda do império soviético, a guerra fria acabou. Acabou? A secretária de Estado estadunidense, Condoleezza Rice (a atual é Mrs. Clinton), justificou a incursão colombiana no Equador. E afirmou: “As fronteiras são importantes, mas não podem ser usadas como um esconderijo para terroristas que depois vão matar civis inocentes”. Concluiu: “Temos que nos preocupar com o terrorismo e o bem-estar dos Estados da região”.
Ao longo da história, a principal ameaça real de agressão em toda a América teem sido os Estados Unidos. As intervenções ianques no continente, como o incentivo aos golpes militares nos anos 1960 e 70, contra governos legalmente eleitos, causaram milhares de mortos e deixaram sequelas principalmente nos países do cone sul (1). No Chile os ianques financiaram e foram articuladores do sangrento golpe de Pinochet contra o governo de Salvador Allende. Anteriormente já estimulavam regimes ditatoriais, como o de Jimenez na Venezuela e Stroessner no Paraguai. Na América Central, a Nicarágua sofreu intervenção dos Estados Unidos – durante o governo do “progressista” Franklin Delano Roosevelt – para assassinar Sandino em uma covarde emboscada. Além disso, houve violentas intervenções em El Salvador, na Guatemala, e mais recentemente em Granada. Só para citar algumas.
Condoleezza confirmou, na sua visita ao Brasil, a nova doutrina das relações internacionais do império com o mundo. A de que as fronteiras não podem ser refúgio para terroristas. Mas o que são ou quem são os terroristas? A CIA assassina e financia golpes, mas não é terrorista, por que é estadunidense? Agora só falta mesmo voltarem os filmes de ficção científica em que a alusão aos comunistas era muito clara. Desta vez, os “maus da fita” serão os terroristas. E certamente teremos “marcianos” de turbante e barbas (como bin Laden) ou fantasiados de guerrilheiros colombianos das FARC.
(1) Aqui, por terras tupiniquins, o golpe de primeiro de abril de 1964 foi sabidamente manobrado por Lincoln Gordon embaixador dos EUA na ocasião.
10 comentários:
Casei-me com uma chilena (com a qual, hoje, vivo às turras depois de 25 anos de convivência). Pois bem! Seus pais eram pinochetistas, achavam que a Besta do Pinochet livrou-os do comunismo. Ela, por causa dos colegas de faculdade (formou-se em Arquitetura no Chile e presenciou o golpe), simpática à esquerda, chegando, mesmo, a esconder, no apartamento dos pais, um colega radical de esquerda (e a passar por grande perigo). Seus pais, quando me casei, vieram passar um tempo em hotel aqui na Bahia e acabei brigando com eles (fiquei sem falar por mais de dez anos). Mas isso não vem muito ao caso.
O fato é que Irene (é este o nome dela), que foi testemunha ocular do golpe, contou-me que o Chile pré-golpe vivia cheia de cubanos e russos e os canais de televisão somente transmitiam informes oficiais de Allende e, por exemplo, quando havia filmes, eram soviéticos. Não sabe ela quantas vezes viu 'O encouraçado Potemkim", de Sergei Eisenstein. De repente, faltou gêneros alimentícios. Filas imensas para comprar um pãozinho francês.
Segundo ela, o golpe foi um banho de sangue. Mas seus pais ficaram ao lado de Pinochet, um dos maiores assassinos do século XX. Pode-se pô-lo ao lado de Stalin e Hitler. Ela viu cadáveres boiando nas águas do rio Mapucho. E todos vocês sabem o que aconteceu no Estádio Nacional.
Henry Kissinger foi o responsável pelo 'nihil obstat' ao golpe chileno, que tirou um presidente constitucional. Os americanos na década de 70, patrocinaram as ditaduras no continente. Finda a chamada 'guerra fria', com o desmantelamento do Muro de Berlim, as táticas imperialistas apenas mudaram a estratégia de procedimento. A instalação de três bases americanas na Colômbia, segundo meu parco entendimento, constitui-se numa ingerência interna em assuntos soberanos. E agora com aprovação do "Santo" Obama, que começa a por as suas manguinhas para fora.
Ainda bem que voltou a postar. Seus leitores estavam aflitos.
Excelente a sua reconstrução do golpe chileno. Sem dúvida o pior --e mais sangrento-- deles em todo o continente.
Primeiro porque havia no Chile um direcionamento Socialista (via Allende) consciente e com participação´popular. Segundo porque isto representava um GRANDE PERIGO para o Império.
O caso do Brasil tudo era mais brando. Jango nunca representou um grande perigo. Queria a independência da burguesia inustrial brasileira, o que, no máximo representava uma AMEAÇA aos desejos de domínio estadunidenses. E havia um certo PERIGO porque, apoiado pela esquerda deu uma certa liberdade a setores que os ianques não queriam ver nem dividindo o poder.
Quanto a Obama. Ele está ensaiando seus primeiros passos como o "preto de alma branca" (que se foda o politicamante correto), mas é o que ele representa para mim!
Não se pode comparar a situação chilena de agosto/setembro de 1973 com a brasileira do primeiro semestre de 1964. Havia, realmente, no Chile, apoio popular e uma reação também forte da chamada burguesia, que se via em perigo e apoiou o golpe sanguinário de Pinochet. Com o aval americano, é claro, via Kissinger, o gênio do Mal que ganhou, paradoxalmente, o Nobel da Paz. Os cubanos e os russos já estavam a dar as cartas no Chile de 1973. Interessante observar que Pinochet foi homem de confiança de Salvador Allende como comandante do exército. Os americanos, porém, não esperavam tal banho de sangue. Até eles acharam que Pinochet passou dos limites. Era, segundo a fonte indicada em post anterior, homem colérico, hidrófobo, desumano. Uma vez, a Besta veio, a passeio, turismo, ao Rio, e foi flagrado a dançar "lambada" com umas putas cariocas. Homem sem nenhuma compostura e, além do mais, no seu ocaso, descobriu-se que mandou recursos públicos para sua conta particular nos States. Um de seus filhos era um 'porradeiro', de extrema violência, de bater em jornalistas.
Passei um ano no Chile em 1991. Santiago é uma bela cidade, mas gostei mais de Viña Del Mar pela atmosfera boêmia, pelas casas de madeira, que fazem parecer uma cidade européia.
Hospedado na casa de um tio de Irene, conheci o namorado de um primo dela, que era agente de Pinochet. Durante a minha permanência, ainda que Pinochet fora do governo, mas no Senado, como membro vitalício, fiquei estarrecido com este rapaz, que elogiava o Monstro. Calado ouvia e calado ficava.
De grande atualidade esta tua matéria.
E o Obama. O tempo é a melhor coisa para ver as pessoas retirarem as suas máscaras. Este mundo é repleto de marketeiros e tramoias engendradas pelas "cabecinhas criativas" da publicidade. É fácil criar uma "persona". E tu sabes disto melhor que eu.
Gostei demais da análise do André Setaro, que mostrou que conhece muito mais do que cinema.
Não se pode comparar mesmo.
Apenas todo o desdobramento de golpes no chamado "cone sul" fez parte de uma ação denominada "Operação Condor".
Mas Pinochet era sanguinário e cruel mesmo.
Faço ideia do que passaste tendo que aturar opiniões deste tipo no Chile.
Não conheço aquele país, embora sempre tenha tido muita vontade, fui até à Argentina e não consegui ainda ir lá.
Mas concordo, por pesquisas e estudos, que Valparaiso deva ser mais apetitosa do que Santiago.
Ali teem as famosas "Sapateiras", cujos similares encontramos apenas na Irlanda e em Portugal. E que eu provei (e repeti) achando-as imbatívis como fruto do mar!
Repito aqui: um presidente preto (ou afro-america, ou afro-descendente) é pura jogada de marketing político.
O Pelá? O sr. Edson Arantes do Nascimento nasceu de cor parda, mas garanto que correm nas suas veias o mais puro líquido "afrikaanar" da mais pura descendência holandesa.
É isso aí.
Quanto ao meu primo e Professor Setaro... Pode crer tem uma cultura política e informações em outras áreas tão profundas quanto as que tem de cinema.
Até porque cinema, para se conhecer de verdade tem muito a ver com história e estudos sociológicos. O resto é "sinopse" (leia-se orelaha de livro)...
Tocado o meu nome, "toco", aqui, mais um comentário, a esperar, contudo, não "encher" o espaço e a paciência. Para se compreender bem o cinema, como disse Jonga, é necessário se ter uma "cosmovisão", uma certa cultura geral. No meu caso, os parcos e deficientes conhecimentos adquiridos veem ligados a meu interesse pela política, história, filosofia, literatura, artes em geral. Quem "entende" apenas de cinema é, geralmente, o fã, fanático de gêneros ou de astros e estrelas. É preciso, principalmente, ter-se uma dimensão da arte e da estética. O fã é, como se dizia antigamente, um indivíduo "alienado" que dá importância à um filme se este tem em seu elenco um determinado ator ou se é de um gênero específico.
"Não é o meu gênero", frase que se ouve com frequência (ou se ouvia, pois hoje nem isso) é de um equívoco total e bem esclarece a "deficiência" mental daqueles que a proferem. Um bom filme não advém de determinado gênero, embora seja sensato que uma pessoa aprecie mais um gênero específico do que outro. Fui, por exemplo, um apaixonado pelos antigos musicais americanos, assim como pelos 'westerns', entre outros, que fizeram "a minha cabeça". Mas o papo é para mais de 10 chopes. Fico por aqui.
O professor Setaro reforçou algo muito importante a que havia me referido.
Simplesmente, o cinema --como arte--não pode estar excluído de um contexto geral em que o ser humano está inserido na sociedade como um todo.
Arte é uma manifestação individual/social. Essencialmente isto. E cinema é arte. Não o chamado cinema de arte (um esterótipo), mas, cinema é antes e acima de tudo, arte.
Mas quando André se refere a gêneros como expressão mais ampla ele também está certo.
Musicais, westerns, filmes-noir, todos são gêneros que pontuaram o cinema em sua trajetória.
Eu sou um fã descarado de "westerns" (apesar de ser o mais anti-ianque dos seres).
Por que? Aquilo representou na história da cinematografia (como arte) um gênero em que mestres como John Ford ou Howard Hawks (no passado) ou Eastwood (hoje), representam umaa marca como autores do cinema.
Senti falta desse seu radicalismo.
Que é na verdade de uma coerência muito grande.
Confio quando você fala de alguma coisa ou mesmo de alguem. Mesmo que esteja em descordo, respeito o seu ponto de vista.
Digo isso pro modo de quase começar a concordar com suas opiniões sobre Barack Obama. Afinal de contas, como pode estar a frente de tudo aquilo e ser bonzinho?
É tudo muito pesado, muito sujo para se estar ausente.
Vamos aguardar o curso das coisas. Vamos aguardar!
Obama não pode ser o "bonzinho" que o marketing político criou para ele.
Pode notar que cada presidente dos EUA teem uma forma de andar e de falar.
Bush era um mix de Steve McQueen com Jonh Wayne quando andava.
É tudo uma grande encenação... Uma grande presopopéia.
Obama está cumprindo suas promessas de campanha como retirar as tropas do Iraque; Mas para reforçar no Afeganistão, seu principal alvo.
Isso tudo porque os Talebans (que foram estimulados pelos ianques para se constituirem num empecilho para a URSS) agora são a grande ameaça ao império ocidental.
O feitiço virou contra o feiticeiro.
Mas cê falou bem: "vamos aguardar".
É isso aí!
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