Reproduzo abaixo algumas reflexões de Leon Trotsky, com os devidos créditos de quando foram publicados. Creio que elas esclarecem a sua linha de pensamento e o quanto se opôs à implantação do caminho stalinista da “construção do socialismo em um só país”, ação diretamente oposta às ideias de Marx, e, consequentemente do Materialismo Histórico. Textos como estes fizeram com que Isaac Deutscher o considerasse o “profeta da história”.
“Alguns nobres ‘amigos’ da revolução formaram uma idéia muito brilhante da ditadura do proletariado e ficam completamente transtornados com o fato de que a ditadura real, com a sua herança de barbárie de classe, com as suas contradições internas, com os erros e crimes da direção, não se parece em nada à bela imagem que fizeram. Destruídas as suas mais formosas ilusões, dão as costas à União Soviética”
(A natureza de classe na URSS, 1933).
“As terríveis dificuldades da construção socialista num país isolado e atrasado, unidas à falsa política da direção que, em última instância, também reflete a pressão do atraso e do isolamento, levaram a burocracia a expropriar politicamente o proletariado para proteger suas conquistas sociais com seus próprios métodos. As relações econômicas da sociedade determinam sua anatomia. Enquanto as formas de propriedade criadas pela revolução de outubro não forem liquidadas, o proletariado continuará sendo a classe dominante”
(A natureza de classe da URSS, 1933).
“A burocracia soviética não abandonará as suas posições sem combate. O desenvolvimento leva obviamente ao caminho da revolução. (...) Diante de uma pressão enérgica das massas, e a desintegração inevitável em tais circunstâncias do aparato governamental, a resistência dos dirigentes pode ser bastante mais fraca do que parece. Mas essa é só uma hipótese possível. Seja como for, a burocracia só poderá ser removida revolucionariamente. (...) Preparar essa ação e estar à frente das massas em uma situação histórica favorável é a tarefa da seção soviética da IV Internacional. (...) A revolução que a burocracia prepara contra si própria não será social como a Revolução de Outubro de 1917; não se tratará de mudança das bases econômicas da sociedade, de substituir uma forma de propriedade por outra. (...) A derrubada da casta bonapartista terá, naturalmente, profundas conseqüências sociais; mas não irá além dos limites de uma revolução política”
(A revolução traída, 1936).
“Uma grande prova histórica talvez uma guerra determinará a relação de forças. Mas é evidente que não se poderá continuar a manter o poder soviético só com o apoio das forças internas, se continuar o retrocesso do movimento proletário mundial e a extensão da dominação fascista. A condição fundamental para reformar totalmente o poder soviético é a expansão vitoriosa da revolução mundial. (...) Na URSS o grupo da Oposição de Esquerda só poderá transformar-se em um novo partido como conseqüência do êxito na formação e no crescimento da nova internacional”
(A natureza de classe da URSS, 1933).
“O primeiro choque social, externo ou interno, pode lançar à guerra civil a atomizada sociedade soviética. Os operários, perdido o controle do Estado e da economia, podem fazer das greves de massa uma arma defensiva. Isto romperia a disciplina da ditadura. Perante o ataque dos trabalhadores e a pressão das dificuldades econômicas, os trustes se veriam obrigados a abandonar a planificação e entrar em concorrência entre si. A dissolução do regime repercutiria no campo com um eco violento e caótico e, inevitavelmente, recairia sobre o exército. O Estado socialista desapareceria, dando lugar ao regime capitalista ou, mais precisamente ao caos capitalista”
(A natureza de classe da URSS, 1933).
“Alguns nobres ‘amigos’ da revolução formaram uma idéia muito brilhante da ditadura do proletariado e ficam completamente transtornados com o fato de que a ditadura real, com a sua herança de barbárie de classe, com as suas contradições internas, com os erros e crimes da direção, não se parece em nada à bela imagem que fizeram. Destruídas as suas mais formosas ilusões, dão as costas à União Soviética”
(A natureza de classe na URSS, 1933).
“As terríveis dificuldades da construção socialista num país isolado e atrasado, unidas à falsa política da direção que, em última instância, também reflete a pressão do atraso e do isolamento, levaram a burocracia a expropriar politicamente o proletariado para proteger suas conquistas sociais com seus próprios métodos. As relações econômicas da sociedade determinam sua anatomia. Enquanto as formas de propriedade criadas pela revolução de outubro não forem liquidadas, o proletariado continuará sendo a classe dominante”
(A natureza de classe da URSS, 1933).
“A burocracia soviética não abandonará as suas posições sem combate. O desenvolvimento leva obviamente ao caminho da revolução. (...) Diante de uma pressão enérgica das massas, e a desintegração inevitável em tais circunstâncias do aparato governamental, a resistência dos dirigentes pode ser bastante mais fraca do que parece. Mas essa é só uma hipótese possível. Seja como for, a burocracia só poderá ser removida revolucionariamente. (...) Preparar essa ação e estar à frente das massas em uma situação histórica favorável é a tarefa da seção soviética da IV Internacional. (...) A revolução que a burocracia prepara contra si própria não será social como a Revolução de Outubro de 1917; não se tratará de mudança das bases econômicas da sociedade, de substituir uma forma de propriedade por outra. (...) A derrubada da casta bonapartista terá, naturalmente, profundas conseqüências sociais; mas não irá além dos limites de uma revolução política”
(A revolução traída, 1936).
“Uma grande prova histórica talvez uma guerra determinará a relação de forças. Mas é evidente que não se poderá continuar a manter o poder soviético só com o apoio das forças internas, se continuar o retrocesso do movimento proletário mundial e a extensão da dominação fascista. A condição fundamental para reformar totalmente o poder soviético é a expansão vitoriosa da revolução mundial. (...) Na URSS o grupo da Oposição de Esquerda só poderá transformar-se em um novo partido como conseqüência do êxito na formação e no crescimento da nova internacional”
(A natureza de classe da URSS, 1933).
“O primeiro choque social, externo ou interno, pode lançar à guerra civil a atomizada sociedade soviética. Os operários, perdido o controle do Estado e da economia, podem fazer das greves de massa uma arma defensiva. Isto romperia a disciplina da ditadura. Perante o ataque dos trabalhadores e a pressão das dificuldades econômicas, os trustes se veriam obrigados a abandonar a planificação e entrar em concorrência entre si. A dissolução do regime repercutiria no campo com um eco violento e caótico e, inevitavelmente, recairia sobre o exército. O Estado socialista desapareceria, dando lugar ao regime capitalista ou, mais precisamente ao caos capitalista”
(A natureza de classe da URSS, 1933).
6 comentários:
O último tópico é incrível. Parece mesmo uma profecia, no dizer de Deutscher, que aliás foi para mim um dos maiores historiadores do Século 20.
Tanto a biografia de Trotsky (em três tomos) quanto a de Staline são obras primas.
Isto fora algunss livros como Ironias da História e A Revolução Inacabada.
Trotsky foi, sem dúvida, um visionário. Pena que alijado do comando das transformações sociais que se operavam na União Soviética logo depois da mitológica Revolução de 1917. Tenho certeza de que se ele tivesse tomado as rédeas do comando revolucionário, e levado avante suas idéias, a URSS não teria tido o fim que teve, com a sua rendição à "guerra nas estrelas" de Ronald Reagan. Gorbatchev, neste particular, é considerado por muitos um traidor da pátria.
Você, trotskista de carteirinha, com os trechos publicados, dá uma idéia do pensamento de Trotksy. No cinema, lembro-me que foi interpretado por Richard Burton num filme de Joseph Losey chamado "O assassinato de Trotsky", que tem, no elenco, ainda a bela e desafortunada Romy Schneider. E Alain Delon como o seu algoz. Creio que é uma obra feita em 1973 (se a memória não engana).
Em "Outubro" (1927), de Eisenstein, Trotsky é 'apagado' de alguns planos por força da ditadura stalinista. Stalin, sobre ser um 'cangaceiro', homem ignorante de pai e mãe, era, contudo, hábil para conquistar o poder e mandar matar os seus desafetos.
Realmente, Ieda, quando ele termina o texto dizendo: "... O Estado socialista desapareceria, dando lugar ao regime capitalista ou, mais precisamente ao caos capitalista", pensamos de imediato no que aconteceu na Rússia após a queda da Momenklatura.
O cáos foi tão dramático que a economia soviética despencou para um nível semelhante aos de países emergentes, como o Brasil mesmo.
Dependendo do ponto de vista, Lev Davidovitch pode ser considerado um visionário. mas a palavra me incomoda um pouco em seu significado real.
Trotsky foi a prova de que o erro da burocracia stalinista foi terrível, desastroso, apocalíptico. E digo a prova porque ele acusou toda a trama, apontou as principais incoerências que estavam a seguir.
Assisti este filme e acho que Richard Burton (excelente ator que era) interpreta muito bem o personagem.
Quanto a apagarem Trotsky de filmes, fotos e tudo em que pudesse estar, os stalinistas foram de uma perícia ímpar. E isto num tempo em que não havia Photoshop. Era na munheca mesmo!
Também concordo com a Ieda de que o último texto é profético.
Leia "A revolução traída" de Trotsky.
Neste livro (publicado em 1936)você vai compreender as razões que levaram à vitória da "contra-revolução stalinista", além de quando e como a burocracia assume o poder na URSS.
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