segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Uma exceção à regra

A Jovem Guarda foi um movimento que passou batido em minha vida. Aliás, batido não, à época era extremamente crítico acerca de sua existência. Isto porque nos idos dos 1960, ela representava a alienação e era acobertada pelo regime militar, como canal de escape para a juventude.
Existia um embate entre a Música Popular Brasileira e ela. A MPB era composta de músicos que se opunham à ditadura. Em fins dos 60 e início dos anos 70, boa parte deles foi obrigada a sair do Brasil e refugiar-se em outros países. Enquanto a turma da Jovem Guarda rodava com seus “calhambeques” e pulseirões pela Paulista e arredores. Lembro-me que, naquela época em São Paulo, ia sempre a um bar na rua Augusta em que a Vanusa sempre estava.
Roberto Carlos, o líder inconteste do movimento, sempre considerei um chato. No entanto, seu carisma fez com que viesse a ser chamado de “rei”. Bom, cada público tem o rei que merece... O restante do grupo era formado por figuras do mesmo naipe dele. Mas, curioso, Erasmo Carlos sempre foi um pouco diferente naquele contexto. Era, e continua a ser um rebelde, no melhor sentido da palavra.
O “Tremendão”, nascido Erasmo Esteves e que ficou conhecido como Erasmo Carlos, compôs mais de 500 músicas ao longo de sua trajetória e tomou caminhos alternativos a partir da década de 1970, quando gravou com intérpretes da MPB, como Nara Leão, Maria Betânia ou Gal Costa. E autores como Caetano Veloso e Jorge Ben. Rompeu assim com as origens da Jovem Guarda, partindo para caminhos mais ousados.
Posteriormente lançou discos “solo” com músicas somente de sua autoria e voltou a gravar com intérpretes do porte de uma Marisa Monte, entre outros. Sem dúvida, podemos considerar Erasmo uma exceção à regra.

10 comentários:

André Setaro disse...

Na época da Jovem Guarda, confesso que fazia vista grossa ao pessoal do chamado Yê, Yê, Yê. Talvez influenciado pelo meu meio circundante, não gostava de Roberto Carlos. No que concerne à música, comprava discos ('soundtracks') de partituras musicais de filmes (Bernard Herrmann, Miklos Rosza, Victor Young, Henry Mancini, Max Steiner, Elmer Bernstein, Lalo Schifrin, Dimitri Tiomkin, etc, etc, etc), que, com a chegada do CD, e a quebra de meu toca-discos, fiquei entulhado de 'bolachas', os saudosos discos de vinil (um amigo me disse que tenho alguns raríssimos que nos Estados Unidos, mesmo com capa em português, valem uma pequena fortuna). Tinha admiração por Tom Jobim, e comprava muitos discos deste grande maestro, assim como outros, a exemplo de Milton Nascimento, João Gilberto, e de cantoras como Elis Regina. Gostava muito dos antigos, como Lupicínio Rodrigues, Mário Reis, Noel Rosa, Ary Barroso, Orestes Barbosa, entre tantos outros.

E sempre gostei do jazz. E de compositores como Cole Porter, George Gershwin, Irving Berlin, e de todos aqueles grandes compositores americanos, sem falar nos 'chansoniers' franceses como Yves Montand, Piaf, Charles Aznavour. Mas não nos alonguemos.

Mas nunca tive disco do "Rei" Roberto Carlos. Com o passar do tempo, e o amolecimento de meu teor crítico, para aceitar apenas o que me dava prazer de ouvir, comecei a notar muitas notas melodiosas agradáveis em algumas músicas de Roberto Carlos. O fato é que, e a bem da verdade, vi o último especial de Roberto Carlos de fim de ano. E gostei. Nada igual a um Tom, magistral, mas há sensibilidade, sim, e poesia nele.

Ieda Schimidt disse...

Não peguei o auge dessa turma de Jovem Guarda, mas sempre tive uma certa aversão ao jeito deles.
Como falastes, os carrões, anelões e pulseirões. Todos querendo aparentar um protesto que terminava aí mesmo.
A verdade é que nem o Erasmo me convence.

Jonga Olivieri disse...

Continuo preferindo as trilhas de filmes, um bom jazz e autores nossos como um Tom Jobim do que qualquer desses "fenômenos" jovenguardistas, até o próprio Erasmo.
Mas de Roberto Carlos, tenho tanta ojeriza que nem consigo assistir à chamada para o especial dele na Globo.

Jonga Olivieri disse...

A mim também. O negócio é que o Erasmo deu uma certa virada e se abriu para o mundo.
E tem uma "certa humildade" que o ajuda em certo sentido.

Anônimo disse...

Eu sou suspeito porque acho que Roberto Carlos tem o seu valor. Se não tivesse não estaria aonde está.
Otávio

Jonga Olivieri disse...

É um direito seu, Tavinho...

Anônimo disse...

Isto é negar a histórica da músic aneste país porque a Jovem Guarda foi importante demais para ela.
Ernesto

Anônimo disse...

Jovem Guarda não é coisa do meu tempo. Para mim soa mais como Velha Guarda, com aquela franjinha ridícula de Roberto carlos e suas roupinhas azuis. Uuuuuiiiiii!

Jonga Olivieri disse...

Não poderia esperar outra opinião da sua parte, Ernesto. Quero dizer: Adolfinho.

Jonga Olivieri disse...

Gostei demais da "franjinha ridícula". hehehe!