Uma crise econômica sistêmica, como a que está a suceder, não é simples, nem pode ser alterada por um momento de euforia de mercado. E aí a origem de toda a confusão; ela não é tão somente um abalo financeiro. A recessão já se instalou na economia estadunidense, e as bolsas vão subir e descer por muito tempo nessa maré sem rumo. Veja-se o que aconteceu ontem na Bovespa, quando as cotações despencaram mais de 11%, apenas dois dias após as ações terem alcançado patamares recordes.
A forma mais próxima de compreendê-la é fazendo uma comparação com o “Transtorno Bipolar”, que vem a ser uma enfermidade caracterizada pela alternância de episódios de euforia e de depressão, com épocas de relativa normalidade nos intervalos. Em geral, os episódios se repetem em períodos menores com o passar dos anos.
Ora, a euforia resultante de medidas da burguesia ao redor do mundo para tentar frear o quadro da atual instabilidade reinante nas bolsas de valores, é bastante comparável a esta doença, teorizada inicialmente por Emil Kraepelin, que a descreveu em seu Textbook of Psychiatry, publicado em 1899.
No entanto, antes disso Karl Marx já havia previsto toda a instabilidade do sistema econômico burguês há 150 anos atrás, quando o analisou. O capitalismo, em sua superestrutura mudou muito de lá para cá, mas a sua essência estrutural continua inalterada.
Marcello Musto (1), em brilhante resumo, disse durante uma entrevista que fez ao pensador e historiador Eric Hobsbawm: “... Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada.”
O que assistimos hoje, senão isto? E, para um eficiente efeito comparativo, à “Síndrome do Transtorno de Bipolaridade” aplicada na ordem econômica...
A forma mais próxima de compreendê-la é fazendo uma comparação com o “Transtorno Bipolar”, que vem a ser uma enfermidade caracterizada pela alternância de episódios de euforia e de depressão, com épocas de relativa normalidade nos intervalos. Em geral, os episódios se repetem em períodos menores com o passar dos anos.
Ora, a euforia resultante de medidas da burguesia ao redor do mundo para tentar frear o quadro da atual instabilidade reinante nas bolsas de valores, é bastante comparável a esta doença, teorizada inicialmente por Emil Kraepelin, que a descreveu em seu Textbook of Psychiatry, publicado em 1899.
No entanto, antes disso Karl Marx já havia previsto toda a instabilidade do sistema econômico burguês há 150 anos atrás, quando o analisou. O capitalismo, em sua superestrutura mudou muito de lá para cá, mas a sua essência estrutural continua inalterada.
Marcello Musto (1), em brilhante resumo, disse durante uma entrevista que fez ao pensador e historiador Eric Hobsbawm: “... Ao longo de sua vida, Marx foi um agudo e incansável investigador, que percebeu e analisou melhor do que ninguém em seu tempo o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial. Ele entendeu que o nascimento de uma economia internacional globalizada era inerente ao modo capitalista de produção e previu que este processo geraria não somente o crescimento e prosperidade alardeados por políticos e teóricos liberais, mas também violentos conflitos, crises econômicas e injustiça social generalizada.”
O que assistimos hoje, senão isto? E, para um eficiente efeito comparativo, à “Síndrome do Transtorno de Bipolaridade” aplicada na ordem econômica...
(1) Musto graduou-se em Nápoles (Filosofia e Política), tendo também estudado Filosofia em Nice. Após um período de pesquisas em Amsterdam, passou a viver em Berlim, onde, com outros estudiosos está a trabalhar na nova edição “histórico-crítica das obras de Marx e Engels”.
8 comentários:
Eu li esta entrevista do Hobsbawn. Mas tu observas cada tipo de coisa. Quando leio uma entrevista fico mais preocupada com as respostas do entrevistado.
E não é que pescastes nas perguntas um interessante texto sobre Marx relativo ao seu pensamanto e ao atual estágio do capitalismo!
E hoje as bolsa valores de São Paulo continua nos seus altos e baixos.
A pergunta de Marcello Musto é interessante e reflete que o entrevistador também pode (e deve)ser conhecedor do assunto em pauta.
A Bovepa? Pode ser que aumente num dia, mas tudo é reflexo do "transtorno bipolar" na economia.
A Bolsa de Valores de Tóquio bteu hoje o seu record negativo em 20 anos. Eu até concordo que o capitalismo não tem mais saída. Mas o que o vai substituir?
As Bolsas tem despencado todos os dias. Hoje na Ásia a coisa foi simplesmente catastrófica. É muita gente perdendo dinheiro. E muito dinheiro, podes crer.Aqui no Brasil a coisa está mais preta doq e se possa imaginar. Sei porque trabalho na área de mercado de capitais, e nunca (em mais de 10 anos) tinha visto uma situação igual. Posso gatantir que não é uma crisezinha passageira. É uma crise que não se sabe aonde vai parar.
Otávio
Eis aí uma boa pergunta.
Hoje, existe uma discussão em torno do assunto por parte de materialistas históricos de todo o mundo.
Eu sempre recomendo a leitura de "Marxismo, modernidade, Utopia" de Michael Lowy e Daniel Bensaid, publicação da Editora Xamã.
Este livro é fundamental para apontar os prováveis caminhos a seguir.
Calma Tavinho, calma. O capitalismo é isso aí mesmo. Ou cê acha que jogar na roleta é para ganhar sempre?
Jogo é jogo... e... guerra é guerra!
Essa entrevista é imperdível!
E gostei demais da teoria do transtorno bipolar aplicado à economia.
Também acho que essa entrevista é das melhores que tive a oportunidade de ler.
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