Proponho dar uma pausa no peso do dia-a-dia, da repugnância que tenho a Bushs, Obamas, McCains & Companhia, e das ânsias de vômito que me provocam os dois escroques candidatos a “alcaide” do Rio de Janeiro, e reler esta crônica, postada no “velho” Pensatas em março de 2007.
Fomos a Paris no verão de 1992. E estava realmente muito quente. A gente sempre pensa que o Brasil é quente e os países europeus não o são. Na verdade não fazem calor por tanto tempo quanto aqui, mas, durante os meses de verão as temperaturas sobem. E digo isso, porque na época morávamos no Porto, uma cidade fria e cinzenta durante boa parte do ano, mas que nos meses de julho e agosto fazia um calorzinho dos brabos.
Ficamos cerca de dez dias em Paris. O que é pouco, principalmente em se considerando a cidade que é. Andava-se o dia inteiro, Guia Michellin na mão, disposição para caminhar, pegar metrô, ônibus, mas, mesmo assim não deu para ir em todos os locais que queríamos. Graças ao Ronaldo Graça, um amigo que mora lá até hoje, tivemos uma ajuda muito grande, tendo sido nosso guia turístico. Com ele, passeamos um bocado. Principalmente nas áreas mais centrais. O Ronaldo nos levou aos Jardins de Luxembourg, à rue de Molfetta e seus famosos restaurantes, além de outras atrações no Quartier Latin, às ilhas do Sena, e tantos outros lugares inesquecíveis como a Saint Chapelle, o Hotel de Ville ou o Museu Pompidou.
Mas houve muitos dias em que andávamos sozinhos pelas ruas de Paris. Nosso hotel ficava no Boulevard Magenta, próximo à Place de Republique, e ao lado de uma estação do metrô, o que nos dava uma vantagem muito grande quanto à nossa movimentação pela cidade. Assim, sós, fomos ao Louvre e à Concorde. À torre Eifell, ao Arco do Triunfo, à Madelleine, um tour de barco pelo rio Sena, e até à EuroDisney, pois o Gustavo, ainda adolescente quis ir até àquele paraíso das crianças.
Era muito comum chegarmos no hotel, quase chorando de dor nos pés, e nos estatelarmos na cama após um banho quase frio, refrescando depois no ar condicionado. Num desses dias, perto do meio-dia, após muitas andanças, estávamos exauridos. O calor era tanto que víamos escandinavos jogados nos gramados, sem camisa e tomando uma cervejinha estupidamente gelada direto nas latas. Pois bem, chegamos à Notre Dame, local em que, aliás, já havíamos estado, mas que nos convidou a uma nova visita, pelo simples fato de termos os bancos da igreja para descansarmos.
Entramos e nos sentamos. Gustavo e eu ficamos nos bancos, os pés ardendo e latejando. Virgínia, assanhada, pôs-se a andar pela igreja mais uma vez. O que aliás, dado o seu tamanho, é perfeitamente compreensível. De repente ela volta apressadamente quase sem fôlego, afoita, cansada, mal conseguindo falar.
- O que foi? Perguntei eu...
- Vocês não vão acreditar. Pequena pausa, respirou fundo e apontou na direção de onde viera, continuando:
- Eu estava andando ali, e de repente, bem... de repente eu vi... juro que vi... um corcundinha entrando numa porta lateral!
Morremos de rir. Afinal, será que o tal corcundinha seria um descendente direto do famoso Quasimodus. Ou será que o clero de Paris sempre contrata um corcunda para ficar rodando pela igreja como atração turística? Um caso a pensar.
Fomos a Paris no verão de 1992. E estava realmente muito quente. A gente sempre pensa que o Brasil é quente e os países europeus não o são. Na verdade não fazem calor por tanto tempo quanto aqui, mas, durante os meses de verão as temperaturas sobem. E digo isso, porque na época morávamos no Porto, uma cidade fria e cinzenta durante boa parte do ano, mas que nos meses de julho e agosto fazia um calorzinho dos brabos.
Ficamos cerca de dez dias em Paris. O que é pouco, principalmente em se considerando a cidade que é. Andava-se o dia inteiro, Guia Michellin na mão, disposição para caminhar, pegar metrô, ônibus, mas, mesmo assim não deu para ir em todos os locais que queríamos. Graças ao Ronaldo Graça, um amigo que mora lá até hoje, tivemos uma ajuda muito grande, tendo sido nosso guia turístico. Com ele, passeamos um bocado. Principalmente nas áreas mais centrais. O Ronaldo nos levou aos Jardins de Luxembourg, à rue de Molfetta e seus famosos restaurantes, além de outras atrações no Quartier Latin, às ilhas do Sena, e tantos outros lugares inesquecíveis como a Saint Chapelle, o Hotel de Ville ou o Museu Pompidou.
Mas houve muitos dias em que andávamos sozinhos pelas ruas de Paris. Nosso hotel ficava no Boulevard Magenta, próximo à Place de Republique, e ao lado de uma estação do metrô, o que nos dava uma vantagem muito grande quanto à nossa movimentação pela cidade. Assim, sós, fomos ao Louvre e à Concorde. À torre Eifell, ao Arco do Triunfo, à Madelleine, um tour de barco pelo rio Sena, e até à EuroDisney, pois o Gustavo, ainda adolescente quis ir até àquele paraíso das crianças.
Era muito comum chegarmos no hotel, quase chorando de dor nos pés, e nos estatelarmos na cama após um banho quase frio, refrescando depois no ar condicionado. Num desses dias, perto do meio-dia, após muitas andanças, estávamos exauridos. O calor era tanto que víamos escandinavos jogados nos gramados, sem camisa e tomando uma cervejinha estupidamente gelada direto nas latas. Pois bem, chegamos à Notre Dame, local em que, aliás, já havíamos estado, mas que nos convidou a uma nova visita, pelo simples fato de termos os bancos da igreja para descansarmos.
Entramos e nos sentamos. Gustavo e eu ficamos nos bancos, os pés ardendo e latejando. Virgínia, assanhada, pôs-se a andar pela igreja mais uma vez. O que aliás, dado o seu tamanho, é perfeitamente compreensível. De repente ela volta apressadamente quase sem fôlego, afoita, cansada, mal conseguindo falar.
- O que foi? Perguntei eu...
- Vocês não vão acreditar. Pequena pausa, respirou fundo e apontou na direção de onde viera, continuando:
- Eu estava andando ali, e de repente, bem... de repente eu vi... juro que vi... um corcundinha entrando numa porta lateral!
Morremos de rir. Afinal, será que o tal corcundinha seria um descendente direto do famoso Quasimodus. Ou será que o clero de Paris sempre contrata um corcunda para ficar rodando pela igreja como atração turística? Um caso a pensar.
11 comentários:
Não é que entro aqui (como dehábito) para ver se você postou alguma coisa e acabou de fazer isto.
Adorei o "nojo" aos candidatos a "alcáide". Você é uma figuraça!
Continue assim.
É isso aí, Mary. A gente vai levando essa situação de eleições, dos ianques obtusos, etc, etc...
Esta foi muito boa.
O caso é de fato engraçado pela coincidência. Mas,aqui entre nós, Obama vai ser uma virada na política americana.
Creio que Obama é um fato inusitado, mas não sei se vai ser uma "virada" propriamente na política estadunidense.
Acho o termo "virada" muito forte. E o sistema não aceita este tipo de jogo.
Vamos aguardar...
Este caso é tão engraçado que eu ri de novo, mesmo sabendo o final.
Otávio
Obrigado Tavim, e, aproveitando, obrigado também, Ieda Maria...
Que coincidência mesmo!!! Será que eles contratam corcundinhas?
Concordo plenamente contigo. Obama não vai mudar muita coisa. Vai ficar mesmo na "perfumaria".
Anselmo Frasão
Exato Frasão, o termo é "perfumaria". Isso eles permitem... hehehe!
Hélio Fernandes, jornalista intuitivo, já disse em sua 'Tribuna da Imprensa' que Obama vai ganhar, mas não se sabe se governará. Os Estados Unidos, como provam os fatos históricos, possuem o péssimo hábito de eliminar os governantes indesejados pela direita raivosa - aquela cujos dentes são caninos. De qualquer forma e de qualquer maneira, o fato é que um negro na presidência do Império é algo novo - e se, americano, eleitor, votaria nele. Pelos menos para desgostar os racistas, os remanescentes ainda ativos do famigerado Ku Klux Khan, que David Wark Griffith faz, deste grupo malcheiroso, uma verdadeira apologia em "O nascimento de uma nação" ("The birth of nation", 1914), o primeiro filme que sistematiza de maneira funcional, e com eficiência dramática verossímel, a narrativa cinematográfica. Griffith foi um Tio Ethan de "Rastros de ódio". Viu seu pai morrer e se formou numa cultura sulista e reacionária. Aquela negra gorda, que ganhou um Oscar, de "... E o vento levou" é uma visão reacionária da raça negra. Ganhou o Oscar porque seu papel refletiu a condição da mulher negra (e como os americanos gostavam de ver o negro). Você mesmo, recentemente, viu o extraordinário "Mississipi em Chamas" ("Mississipi is burn"), de Alan Parker, que mostrou a extrema crueldade do racismo que era praticado há algumas décadas na federação americana. Assim, um negro no poder do Império é algo importante, sim, ainda que não possa modificar o 'system'.
Acho que o Obama não é um candidato que ofereça riscos ao sistema, e até por isso ele é candidato. Caso contrário vetariam sua pretensão de chegar à presidência.
Mas é complicada esta questão de racismo em terras ianques. É possível que setores da tradicional cultura "anglo-saxônica" não aceitem um afro-descendente (lá é afro-american) no comando do país.
A coisa pode pegar por aí. Deve ser difícil para ele terminar o mandato, caso consiga se eleger.
Mas, somente a histório o dirá...
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